23 de outubro de 2022
Como teria sido se Bolsonaro tivesse vencido em 2018
Lembra de outubro de 2018? Alguns disseram que teríamos uma escolha muito difícil. Que difícil nada! Tínhamos de um lado um democrata professor, com experiência administrativa; e de outro um sujeito cujo herói era um torturador de mulheres grávidas e crianças, que achava que homossexuais deveriam ser surrados e que se referia a negros como animais.
Foi por pouco, mas no final do dia 28 de outubro de 2018, pudemos respirar aliviados, ao ver que o tal milico com discurso e lema fascistas fora rejeitado nas urnas. Também, formou-se uma frente ampla para derrotar o projeto fascista. Ciro Gomes teve a humildade de deixar as diferenças de lado e subir no palanque declarando apoio. FHC e o eterno revanchista PSDB também se uniu à frente. O governo do professor não foi tranquilo, claro, veio a pandemia e outros desafios. Por pouco não tivemos um acidente nesse percurso recém-iniciado da democracia brasileira, mas conseguimos cortar o mal pela raiz antes que se alastrasse.
Mas imagina só o que teria acontecido se o tal capitão tivesse sido eleito?
Vou fazer um exercício de imaginação. Meio exagerado, confesso, mas não custa nada pensar naquilo de que nos livramos. Primeiro, o temor é que colocasse em prática seus planos nefastos, cercando-se de um ministério totalmente fisiológico e incapaz, por troca de favores partidários, embora afirmasse que teria um “ministério técnico”.
No Ministério da Educação, teria, claro, um iletrado qualquer, que passaria o dia babando ódio nas redes sociais contra “a balbúrdia” dos universitários, contra o “kit gay” nas escolas e contra a “doutrinação comunista”. Como incompetente que seria, teria sido demitido e trocado por outro mais incompetente ainda, e depois por outro, e mais outro envolvido em corrupção. Teríamos grande risco de cortes na educação.
No Ministério da Cultura, teríamos um ex-jogador de futebol, ou quem sabe uma ex-atriz de novela decadente, ou, pior ainda, um daqueles ex-atores de Malhação bem canastrões e que hoje em dia já tem idade para ser um Tiozão Reaça espalhador de fake news.
No Ministério do Meio Ambiente, colocariam alguém da bancada do boi e da bala, pra passar a boiada das leis de flexibilização ambiental, perdoando os desmatadores, doando áreas indígenas para garimpos e promovendo uma guerra na Amazônia. Este outro também se envolveria em corrupção, mas o Procurador Geral da República seria um cupincha do presidente, e não daria em nada.
O Paulo Guedes ele já havia anunciado como Ministro da Economia. Esse promoveria cada vez mais a reforma trabalhista como única opção para salvar o país, sacrificando os pobres, os assalariados e os aposentados. Descobririam algum escândalo seu, como dinheiro ilegal off-shore, sobre o qual suas políticas econômicas dariam privilégio, mas, de novo, não daria em nada e seguiria como homem forte do presidente.
E o Moro nesse governo? Não participaria. Não teria tamanha cara de pau, pois se aceitasse ser Ministro da Justiça ou um cadeira do STF, ficaria muito claro que toda a perseguição que fez ao ex-presidente teve o único objetivo de tirá-lo da disputa, para eleger o milico.
Falando em milico, alguém duvida que num hipotético governo Bolsonaro eles se proliferariam com fungos pelos mais diferentes ministérios, secretaria e departamentos governamentais, só para ganharem uma mamata?
E a pandemia?! Gente, não quero nem imaginar como teria sido no governo de um negacionista da ciência. Imagina só, as pessoas começariam a morrer, lotando hospitais e ele fingiria que nada estava acontecendo, que tinha que parar com o mimimi, pra deixar de frescura, que isso era só uma gripezinha ou um resfriadinho. Seria obviamente contra a vacina e promoveria aglomerações sem máscara pelo país todo, ignorando o lockdown mundial. Num governo comandado por ele, poderíamos não ter o já monumental e triste número de 200 mil mortos por covid-19. Como não teria pressa de comprar vacina nem oxigênio, poderiam ter sido, sei lá, 300 mil, 400 mil, 600 mil, 688 mil mortos! Ainda bem que nunca saberemos o exato número. Tá, ok, nessa eu posso estar exagerando, pois, por mais negacionista e perverso que fosse, ele não iria sacrificar seu mandato e jogar na lama suas chances de reeleição; não teria sido tão irresponsável.
Mas ainda bem que o Brasil não fez essa escolha e hoje podemos respirar aliviados, sabendo que tudo não passou de um susto. Mas que susto.
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