9 de outubro de 2012

The Porto Alegre Times

Em 1985 José Sarney assumia como Presidente da República, era lançado o agora clássico do cinema De Volta para o Futuro e todos cantavam o hit We Are The World. . Nesse mesmo ano, tive o que poderia chamar de minha primeira experiência profissional: jornaleiro. Meu pai colaborava com o recém criado The Porto Alegre Times, jornal mensal até hoje um tanto difícil de definir.  Sátira política? Humor? Irreverência intelectual? Não sei. Pois logo que saiu a primeira edição, vendo a pilha de jornais que tínhamos em casa, fui pra rua bater de porta em porta no bairro Menino Deus pra vender o The Porto Alegre Times. Depois de horas, voltava pra casa com quase a mesma quantidade de jornais embaixo do braço. Os únicos que consegui vender (era bem mais caro que a Zero Hora) deve ter sido menos por meu escasso poder argumentativo que por pena de uma patética criança de oito anos carregando um jornal esquisito. Certa vez, uma empregada me abriu a porta e disse: "Ah, eu sei qual é, a patroa já falou. É um jornal de crítica né? Eu sei, é de crítica!" Lembro bem disso pois, numa época de descobertas lexicais, me chamou a atenção a palavra crítica, até então desconhecida e desprovida de sentido. Meu irmão, que me acompanhava nesse dia,  fez que sim com a  cabeça. Mas a "patroa" não estava em casa e saí mais uma vez sem efetuar a venda.

O The Porto Alegre Times, que não durou mais que meia dúzia de edições, fazia crítica política local, com um compromisso sério com a falta de seriedade. Havia horóscopo, quadrinhos (versões bagaceiramente sexualizadas de Mafalda, Recruta Zero, Hagar e outros), e muitas notícias inventadas. Os anunciantes eram raros. Um coisa que chama a atenção são os nomes no expediente do jornal. À época jovens completamente desconhecidos, estão lá Juremir Machado da Silva, Cyro Martins Filho (que seria editor do Segundo Caderno de ZH e Diretor de Redação do Diário Gaúcho), Ricardo Carle (falecido em 2006, editor do caderno de Cultura de ZH e ex Diário Catarinense), Ronaldo Fuchs, Sérgio Quintian, Willy Roza, Victor L. Hofmeister e Edgar Oliveira (meu pai).

Consegui preservar alguns exemplares ao longo dos últimos 27 anos (infelizmente apenas uma edição, a de outubro de 1985). É bem possível que sejam os últimos exemplares existentes no planeta. Coloco abaixo fotos de algumas páginas. Eis, então, um pouco do The Porto Alegre Times. Algumas notícias continuam, infelizmente, bastante atuais.
















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