6 de dezembro de 2008

Bonitinha mas Ordinária

Peço licença para tratar de um tema estritamente regional.
Atendendo a centenas de pedidos dos leitores porto-alegrenses deste blogue, fizemos um test-drive com o novo investimento urbanístico-ecológico da cidade, a Ciclovia do Barra Shopping. Para quem não sabe, foi inaugurada recentemente, ao longo da Avenida Diário de Notícias, uma moderníssima ciclovia que promete ser o marco da revolução cicloviária na cidade. Aproveitamos para testar também as condições de toda a extensão da ciclovia (cerca de 7,5km), que tem seu início na Usina do Gasômetro.




Num belíssimo dia de sol, partimos do km Zero sem contratempos. A pista asfaltada permite um deslizar suave dos pneus, enquanto apreciamos a vista da orla do Rio Guaíba. Depois de 3km, em frente ao Estádio Beira-Rio , a pista toma outra configuração, acrescentando emoção ao passeio. O asfalto começa a escassear, com lacunas preenchidas por terra. Mais alguns metros e descobrimos desníveis perigosos no solo, culminando com buracos enormes. Mas em breve a prefeitura vai encher aquilo com água (da chuva) e o secretário do Meio Ambiente vai inaugurar chamando de "piscinais naturais", fazendo a alegria da família. Logo o asfalto some e só o que temos são elevações e declives dignos de pistas de motocross. Acredite ou não, a prefeitura, muito séria, ainda contabiliza esse trecho como ciclovia.

Seguimos ainda por alguns minutos até atingirmos o Museu Iberê Camargo (marco da arquitetura na cidade), do lado esquerdo, e um pequeno parque arborizado, do lado direito. Só é uma pena não conseguirmos apreciar esses pontos turísticos, pois estamos com os olhos grudados no chão, atentos para os imensos e traiçoeiros buracos. Por outro lado, também perdemos a visão do lixo e dos despojos dos macumbeiros, que se acumulam na margem do rio, exalando um odor fétido de cadáveres de animais.

Ao nos aproximarmos do nosso objetivo - a festejada Ciclovia do Barra Shopping - uma surpresa: não é possível chegar até lá pela ciclovia, que subitamente termina num barranco pedregoso. É preciso descer o alto meio-fio e encarar umas boas centenas de metros em meio ao movimentado trânsito de carros. De longe, já avistamos o novo trecho de ciclovia. É preciso, novamente, pular da rua para o alto meio fio, pois não há nenhum rebaixamento da calçada em todo o trecho. Mas tudo bem, nossa recompensa virá em seguida.

As cores chamam a atenção: um terracota suave com recém-pintadas marcações em branco, dividindo a pista ao meio. Em poucos segundos, nos aproximamos desse pedaço de primeiro mundo incrustado na Capital da nossa amada província. É linda. Destoa daquela região que sempre foi marcada por asfalto, areia, mato e vendedores de abacaxi. Realmente o porto-alegrense nunca viu nada igual, é trepidante. Literalmente. A pista, inacreditavelmente, é formada por lajotinhas, o que gera uma trepidação extremamente incômoda para o ciclista. O veículo treme, os parafusos afrouxam, os dentes batem e a cabeça chacoalha. Mas há algo que interrompe a contínua e irritante tremedeira: a cada 50 metros, há um quadrilátero de cimento (com um desnível em relação ao solo) adornado por uma enorme tampa de bueiro. Sim, a cada 50 metros ao longo de 1,5km. Mas não comemore ainda, porque há mais: a pista é tão estreita que permite apenas um ciclista em cada sentido, e não sobra espaço para pedestres.


Há alguns dias, o prefeito e compositor de jingles de supermercado José Fogaça inaugurou, orgulhoso, esse novo trecho de ciclovia. O projeto faz parte de um plano urbanístico da cidade que promete calar a boca dos ecologicamente insatisfeitos ao mesmo tempo em que avança para a modernidade. O único problema é que o gênio que projetou a ciclovia quis fazer uma homenagem ao filme O Mágico de Oz, esquecendo que os usuários são ciclistas e não Dorothy e seus amiguinhos complexados. A prefeitura se superou, conseguiu fazer uma ciclovia tão moderna e tão avançada, que simplesmente dispensa o ciclista.
Nota: ZERO!

5 comentários:

  1. hahaha
    e eu louco pra comprar uma bicicleta... mas talvez não faça tanta diferença, centro e zona sul ainda são longe pra mim. será que, mandando uma carta para a prefeitura, eles transformam a assis brasil em ciclovia, ou é asfaltada demais para isso? tem sempre o areiao-pedreira-buraco da baltazar, mas isso é responsabilidade assumida (em campanha) da nossa digníssima desgovernadora e a prefeitura talvez não queira se meter nesse buraco, com o perdão do trocadilho.

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  2. ah.. que tema serio para teu blog... =P nao to por pensar na ciclovia...

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  3. Putz!
    Em 2005 fiz este mesmo trajeto c/ minha bike Jurema III e um amigo.
    A obra do Museu estava recém iniciando...
    Lembro que encostamos nossa bike numa árvore e ficamos ali, deitados na grama (tinha um gramado ótimo),o rumurejar do Guaíba e as paredes do Museu do outro lado...Saudade desse tempo...
    Nem sabia que tinha virado nisso!

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  4. Bike Jurema? Essa eu não conhecia, mas com esse nome deu até vontade de ter uma.

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  5. BIKE JUREMA III!!!
    Vc esqueceu o III, porque esta foi a 3°.
    A Jurema I foi deteriorada pelo time.
    A J. II foi roubada.
    A J. III foi roubaba também. Só que o ladrão vendeu pra um 1° receptador que emprestou pra um amigo, e o amigo foi consertar um cano no meu pátio.
    Este sim que é o cúmulo do AZAR, né!
    Com a nota fiscal, RECEPTEI a minha Bike Jurema III !
    Huhuhuhuhuuhuhuhuhuhu!!!

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