7 de agosto de 2019

Análise da obra feicebuquiana de Carin Brunes

Recuperando essa pérola da Literatura feicebuquiana, aqui com comentários explicativos sobre a lendária obra de Carin Brunes, a Clarice Lispector dos Pampas, o Guimarães Rosa de bombacha e alpargata, o James Joyce sem bigode.
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"Hoje vo desidir a minha vida sopresa a todos nao aguento mais esta vida Onde e o isgritorio da AES Sul Hoje so tenho a gradeser por te dado tudo bem nos isame agradeso a jesus em primeiro lugar obrigado nao tenho palavras jesus e poderoso so ele cura salva e muito mais e so ter fé agreditar que ele pode todas as coisas jesus epoderoso orei pedi jechuei glamie e resebi to pronta pra trabalhar em nome de jesus Hoje voi um dia orivel ai jesus me a juda nao quero que vem outros dias deste nao sei se vo aguentar nao sou forte osuvisiente Tenho vé e greio que jesus me curou medico so mideu 5 anos de vida so jesus sabe todas as coisa hoje to aqui solita nao jesus ta qui o resto deija pra la so ele sabe o que to pasando nao tenho uma se que pesoa pra desabava"
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"Valar e fasel mais ajudar nao vao cuidar do rabo de voçes o tropas de fa..... So que desta ves vao pagar junto levo nem se vor algo que mais amam nao to nem ai nao tem pena de me rala r vo ralar voçes pro reto da vida tao ovindo nao se esquese que um dia poderao tar nesta tambem e ai"
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Notas de Diego Lops:
É preciso ser um leitor atento para captar todas as sutilezas do texto da revolucionária literata Carin Brunes.
Vou examinar apenas alguns trechos do seu texto para que entendam melhor sua importância.

1-“nao aguento mais esta vida Onde e o isgritorio” 

Aqui a autora, em apenas uma palavra, resume todo o horror da prisão que é a vida burocrática. Observe a genial criação do neologismo “isgritorio”, ao mesmo tempo um local de trabalho (escritório) e um local onde gritos de desespero são abafados pela opressão dos chefes e, principalmente pelo trabalho sem sentido e maçante, inimigo do seu espírito livre.

2-“Tenho vé e greio que jesus me curou”

Aqui ela substitui os fonemas [f] e [k] – consoantes desvozeadas - pelo seus correspondentes vozeados [v] e [g] para mimetizar a voz de alguém gripado, ao mesmo tempo em que fala de cura. Aqui Brunes se vale do seu conhecimento fonético para destilar sua fina ironia contra a religião organizada.

3- "vo ralar voçes pro reto da vida”

Mais um de seus geniais trocadilhos. Resto – reto. Aqui ela cria essa forte imagem poética que já é um clássico: O intestino da vida.

4- "Valar e fasel mais ajudar nao vao cuidar do rabo de voçes“

Mais um trocadilho que facilmente escapa ao leitor de pouca erudição. Faz um jogo intertextual transformando os verbos “falar” e “fazer”, respectivamente em “Valar” e “Fasel”. “Valar”, na língua élfica da obra do escritor Tolkien, como se sabe, significa “Poderes do mundo”, e “Fasel” certamente é uma referência a Oscar Adolf Fasel, autor de “O pensamento de Unamuno e a Filosofia Alemã.”
Como podem ver, a riqueza de referências em sua obra é infindável.
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(Créditos da magnífica descoberta a Nazareth Ag Ha)

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