24 de dezembro de 2011

Ah, os estudantes...

Nos meus maus e velhos tempos de faculdade, havia um porão, apelidado carinhosamente de Toca, que era usado por uma meia dúzia de escolhidos da História e da Letras para fumarem sua maconha sossegados. Na única vez em que lá entrei, pude testemunhar os cuidados que tinham pelo local, rigorosamente decorado com o melhor do lixo universitário, como latinhas de cerveja amassadas, baganas de cigarro, garrafões de vinho, um sofá com a maior parte do estofamento rasgada, camisinhas usadas e fotos do Che Guevera na parede (ou seria Marx? Enfim, algum desses barbudos comunistas), tudo temperado ao doce sabor de suor, chulé e maconha velha.

Um belo dia (e que dia não é belo quando estamos na faculdade?), depois de um princípio de incêndio na Toca, a Direção da faculdade de Letras resolveu que era hora de dar alguma utilidade ao lugar, e propôs uma sala de computadores aberta a todos os estudantes.

PRA QUÊ?!

Estava dada a largada para a Revolução no Campus! A Direção, que havia cedido gentilmente um espaço para uso da comunidade discente, virou autoritária, ditadora, opressora e, porque não?, capitalista. Cartazes em papel pardo pintados com tinta guache foram espalhados com dizeres de contestação. Ótima oportunidade para que os estudantes de Letras expressassem suas habilidades com as palavras, em versos visivelmente inspirados na poesia parnasiana, como "A TOCA é nossa!" ou o concretista "Ninguém TOCA na TOCA!". Também eram frequentes as visitas de grupos do Movimento Estudantil (normalmente compostos igualitariamente por dois homens de sandálias e duas mulheres de dred locks) interrompendo as aulas para "conscientizar a comunidade acadêmica" sobre essa tentativa de impor a força para tirar aquilo que era um "espaço dos estudantes". Esses discursos relâmpago eram feitos com sincera emoção, e repetidos palavra por palavra por cada um dos quatro, cada vez com menos eloquência, terminando sempre com a menina mais bonitinha do grupo.

Como bom alienado do processo de transformação socio-académico-político-cultural do campus, não sei que fim a história teve, mas provavelmente tudo continuou como estava desde o início, que é o objetivo principal dos contestadores: manter o status quo para que possam continuar contestando perpetuamente.

6 comentários:

  1. PQP ! To rindo e muitooooooo aqui, pois eu estava la naquela época histórica. LOL !!!
    Ai.. ai.. eu era profe substituta e ia na Toca pra falar com pessooal. Muito engraçado.. não sei a que levou, mas estou prestes a descobrir. Creio que além de fazer aulas na facul de 2a. a 5a. a noite, lecionar na faculdade manhas e tardes, fazer traduções esporádicas, e dar aula particular para um uns 25 a 30 alunos de 2a. a sábado noite.. ainda estão prestes a me exigir que termine o mestrado na Ufrgs.. NO FÚ ! Qdo vou fazer isso? Como? Estou cada vez mais magra (bom por certo lado, mas a idade aparece muiiiito mais quanto mais magra estamos :/)
    Bom, meu lema esse ano é: ONE DAY AT A TIME !!!
    ;)
    Miss you daddy dear xoxo

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  2. seu preconceituoso, visão de senso comum, acomodado e mala :P falo merrrmo mandou mal nas conclusões deste post :P

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  3. hahahahaha... que fina ironia, seu mala!

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  4. enfeitar toca meu Deus para usar drogas e deixando os estudos para traz

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  5. enfeitar toca meu Deus para usar drogas e deixando os estudos para traz

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  6. Tecnologia Brasileira, quem deve ter deixado os estudos para trás foi você, pois não consegue se expressar usando nem uma estrutura básica da sintaxe da língua portuguesa. Hmm, pensando bem podem ter sido as drogas que te deixaram assim...

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