26 de dezembro de 2010

Mãe desesperada acorrenta filho poeta na cama

Uma mãe desesperada, já cansada de ver o filho sofrer com as poesias, acorrentou-o na cama.

Eis a entrevista com a mãe do poeta:

Só Mais Um Blog: Você já vem sofrendo há meses. Por que agora resolveu expor a sua dor aos leitores do Só Mais Um Blog?
Maria Josefa dos Santos: Eu só chamei vocês do Só Mais Um Blógui pra servir de alerta pra outras mães que podem estar na mesma situação que eu. O Gérvison, meu filho mais velho, é o único que saiu meio diferente, os outros tudo já tem família e emprego, e ele tem 35 anos e ainda mora comigo, nunca gostou de trabalhar. O máximo que durou num emprego foi das 8 às nove e meia , como entregador de pizza, mas foi demitido.

SMUB: Por que ele foi demitido?
Dona Josefa: É que ele tava com fome. Comeu toda a pizza antes de entregar.
SMUB: Qual era o sabor da pizza?
Dona Josefa:  Era meia calabresa, meia quatro queijos, meia tomate seco com rúcula.
SMUB: Como uma pizza pode ter três metades?
Dona Josefa:Ah, era isso que tava anotado no pedido.
SMUB:  Quando foi que a senhora notou que ele estava envolvido com poesia?
Dona Josefa: É que eu nem dava importância, sabe? No começo eu nem levava a sério. Ele teve o primeiro contato no colégio mesmo,  com os parnasianos. Ele ficou fissurado no Olavo Bilac. Logo em seguida começou a aparecer livros do Fernando Pessoa em casa, que um amigo dele emprestou. Depois ele passou a sair muito de noite, frequentando saraus literários. Um dia chegou recitando "Autopsicografia", sabe qual é né? "O poeta é um fingidor, finge tãocompletamente, que chega a fingir que é dor"... ai, não gosto nem de lembrar.
SMUB: E o que a senhora fez?
Dona Josefa:  Proibi ele de sair.
SMUB: E adiantou?
Dona Josefa: Não. Ele começou a procurar poesia na internet. Uma dia entrei no quarto dele pra limpar - que ele nunca limpava - e vi que na tela do computador tinha uma poesia.... uma poesia... [nesse ponto da entrevista Dona Josefa fica com a voz embargada] concretista. Foi aí que comecei a levar o problema  a sério e procurei a igreja e cortei a mesada dele.
SMUB: E qual foi a reação dele?
Dona Josefa: Ficou violento. Disse que ia começar a escrever os próprias poesias e vender no bares da Cidade Baixa.
SMUB: Ele chegou a vender algum poema?
Dona Josefa: Graças a Deus não.
SMUB: E o pai dele, como tratava do assunto?
Dona Josefa:O pai dele excomungou ele. Principalmente depois que descobriu que ele tava lendo Drummond. Disse que preferia um filho morto, um filho drogado, e, Deus me livre, um filho metrosssexual antes de ter um filho poeta.
SMUB: E quando foi que a senhora tomou a decisão de acorrentá-lo?

Dona Josefa: Um dia entrei no quarto dele e ele tava dormindo com um livro no peito. Eu já sabia que devia ser de poesia, claro, era a única coisa que ele lia. Mas aí eu peguei a capa do livro...e era, era um livro da Martha Medeiros! [nesse ponto dona Josefa não controla o choro e somos obrigados  encerrar a entrevista]

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