1 de junho de 2009

Palavras Novas

A escritora
Gail Carson Levine, nas suas oficinas de escrita criativa, propõe um exercício de invenção de palavras, que consiste no seguinte: você deve criar uma palavra para algo que ainda não exista uma palavra correspondente. É simples, mas suscita algumas questões normalmente ignoradas. E não deixa de ser um exercício filosófico-psicológico-cultural deveras interessante, pois é como se aquilo que não conseguimos ou não podemos nomear não existisse e não pudesse ser compreendido. Ao fazer o exercício, nos damos conta que as palavras da Língua Portuguesa não são suficientes para expressar tudo aquilo que sentimos ou pensamos. Afinal, o nosso universo é do tamanho do nosso vocabulário pessoal?

Vamos ao exercício:


Para começar, ela sugere uma palavra que ela própria criou: lethescriptosis, que seria a situação em que temos uma grande idéia e a esquecemos antes de poder colocá-la no papel.

Pensei em mais algumas:




Pentonissa – a vontade de dormir por mais 5 minutos depois que o alarme toca.

Finibe – é aquele sentimento físico, que não é dor e não é vontade psicológica, da extrema vontade de se fazer xixi.

Valmina- é a sensação de alívio ao fazer xixi depois de ter que segurar por muito tempo.

Tumbeira – a sensação de alívio e segurança ao terminarmos de estudar para uma prova para a qual temos a certeza de estarmos bem preparados, sabendo que, se não tivéssemos estudado até o ponto em que estudamos, com certeza iríamos mal.

Câmbela – a sorte que temos quando vamos procurar uma palavra no dicionário e a encontramos direto na primeira página que abrimos.

Viscitura – a irresistível vontade que se tem de olhar para alguém com um pequeno defeito físico, mesmo sabendo que estamos sendo indiscretos.

Catungue - Aquele alimento que estraga um prato que apreciamos e que poderia ser totalmente dispensável, gerando, assim, uma pequena raiva de quem o preparou e/ou serviu. Por exemplo, frutas cristalizadas em um pudim, ervilhas em um molho de tomate ou erva-doce em um bolo de milho.

Farsite – quando batemos o joelho ou canela na quina de uma mesa, cadeira ou cama e, apesar da dor, sentimos um pequeno prazer, acompanhado de uma irresistível vontade de rir.

Como sei que os leitores deste blog são criativos e inteligentes*, aguardo outras sugestões.





*Atenção, se você não apresenta essas duas características, você é um penetra. Assim, será gentilmente convidado a se retirar.

4 comentários:

  1. "The meaning of liff", de Douglas Adams e John Lloyd.

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  2. Uma amiga minha inventou sem querer (e eu defini) uma palavra: povar, que é ter atitudes típicas do povaréu, da massa ignara, da escumalha.

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  3. Mas bah, quando descobri teu "The Meaning of Liff" tive uma cânfrita, que é a decepção experimentada por alguém que se dá conta da falsa suposta originalidade da sua ideia ao mesmo tempo em que descobre que já tiveram a mesma ideia bem antes só que muito melhor executada.
    Gostei de "povar". Só do verbo, pois povar mesmo eu não curto. (bah, usei sem aspas, o que significa que a palavra já está perfeitamente integrada na língua pelo uso das camadas mais cultas)

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  4. Xidrunfo - é o que sinto quando vejo algo que me decepciona muito
    Carlice - ato desastroso, tipicamente praticado por Carlos
    Badalhoca - prefir não detalhar esta

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