23 de março de 2011

Plateia de shopping

Fui ver hoje Um lugar qualquer, trabalho mais recente da diretora Sofia Coppola, cujo filme mais famoso ainda é Lost in translation. O filme não é ruim, apesar de eu não ter entendido nada e não saber resumir o roteiro. Mas o que mais me chamou atenção é que o microfone aparece em 37 tomadas, o que me fez pensar se não era um erro proposital, um recurso metalinguístico, para que não esqueçamos que estamos vendo um filme (além disso, o protagonista faz o papel de um ator famoso). Duvido que seja isso, mas enfim, quando sair em DVD saberemos. (Quando vi De olhos bem fechados, do Kubrick, no cinema, apareciam o cameraman e a câmera refletidos em um espelho. Na versão em DVD isso foi corrigido.) Pensando bem, eu até acho divertido quando flagro falhas desse tipo.

E isso tudo me fez lembrar de uma sessão de cinema que fui há alguns anos em que o microfone aparecia com frequência, e uma porção bem grande dele, desviando o foco da cena. Era um filme hollywoodiano descartável (tanto que não consigo lembrar qual era) em um cinema de shopping center (esse me lembro). Foi então que aconteceu algo curioso.

Sabe quando o projecionista cochila e o filme fica desfocado ou quando fica fora de quadro e corta as legendas e o povo dá uns assobios pra acordá-lo? Pois é, nessa sessão, toda vez que aparecia o maldito microfone a plateia começava a assobiar e gritar para o projecionista! Sim, o povo estava reclamando de uma falha técnica do filme como se fosse da projeção. E não, não era brincadeira nem ironia: lembre-se, era um público de cinema de shopping. Nunca vi coisa igual, e espero não ver mais. Só sei que pensei na hora, com aquela minha típica arrogância: essa gente não merece o cinema.

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