29 de janeiro de 2011

Para o resto da vida

Hoje estava conversando sobre dietas com amigos, e propus uma questão filosófica: se você só pudesse consumir, por um determinado período (digamos 10 dias, para não sermos muito cruéis), alimentos que começassem com a mesma letra, que letra seria essa?

Pensei logo em C: chocolate, cookies, cenoura, chá...hmm Não. P é bem melhor: pizza, pastel, pepsi, pudim, pistache, pera, pão com pepino, pomodori secchi e pimenta. E aí, qual sua letra?

Vou dar 50 segundos para você pensar na sua letra antes de continuar lendo.

Não conseguiu esperar né?

Pois continuei matutando e fui um pouco mais adiante no exercício.

Esqueça as letras e as comidas.

O que vou pedir é: se pudesse ficar com só uma coisa, em cada categoria de coisas, para o resto da vida, o que seria? É assim: você só vai poder comer uma fruta para o resto da vida. Ler um mesmo autor. Escutar uma mesma banda. Comer a mesma marca de chocolate. Almoçar no mesmo restaurante. Beber a mesma marca de cerveja. O mesmo refrigerante. Tomar mesmo sabor de sorvete. Vestir a mesma cor de camistea ou de calcinha ou meia. Ver filmes de um mesmo diretor. Ler o mesmo jornal. A mesma revista.

O mais importante aqui não é o que você vai escolher, mas que tipo de critério levaria em consideração na sua escolha. Por exemplo: escolheria um autor com muitos livros publicados, para ter mais opções? Escolheria um autor ainda vivo, para ter a possibilidade de novidades? Ou escolheria aquele autor de escrita densa, cuja obra se renova a cada leitura? Isso vale também para a música e filmes, claro. E quanto ao alimento? Por mais que se tenha prazer gustativo com ele, como prever quanto tempo levará até enjoar totalmente a ponto de causar repugnância? Permaneceria confortável com o que optou, ou o fato de saber que está perdendo um mundo de opções o levaria ao desespero? Quanto ao refrigerante, a escolha talvez não seja tão difícil: conheço gente que só bebe pepsi, ou só coca, ou só água tônica.

É bem provável que você tenha um preferido em cada categoria, mas a ideia de permanecer com apenas uma coisa para o resto da vida pode remeter a repetição, a tédio, a continuidade, a eternidade.

Toda escolha definitiva implica renúncia, e toda limitação de escolha significa falta de liberdade. A menos que a falta de liberdade tenha sido uma escolha. Ou não?

Agora, você pode dizer que isso é ficção, que jamais se defrontará com tais dilemas. Mas muita gente já teve que enfrentar a decisão de uma das coisas que mais afetam a vida, que vem a ser a escolha mais intrigante de todas: um homem ou uma mulher com quem ficar para o resto da vida.

3 comentários:

  1. que pé feio da desgraça! não quis nem ler a porra do texto.

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  2. Aí é diferente... amar não enjoa, diferente de comida. Eu não conseguiria escolher apenas uma comida, quase surtei em 7 dias comendo os mesmos vegetais no navio argh!

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  3. Pois é, quem sabe eu abro uma nova enquete aqui: "Afinal, amar enjoa? ( )SIM ( )NÃO"

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