10 de junho de 2010

Não gosto de dentista

Não gosto de dentista.
Tá, ok, estou fazendo uma generalização injusta, afinal não conheço todos os dentistas. Apenas acho que, assim como pedófilos procuram o sacerdócio para exercerem seus atos tranquilamente, muitos sádicos se escondem na odontologia para poder desempenhar a crueldade que tanto lhes dá prazer.
Como não gosto de dentista, não os procuro, eles é que vêm atrás de mim. Como o dentista que eu frequentava quando criança e que até hoje me manda cartinhas coloridas dizendo que está na hora da revisão. Mas quis o destino que uma dor insuportável me levasse a marcar uma consulta recentemente.

Foi numa clínica nova, recém aberta, com tudo muito limpinho e branco. Na sala de espera, procurei me tranquilizar olhando as revistas e observando meus colegas de sofrimento: havia uma ex-vizinha e um cantor famoso (famoso apenas em Porto Alegre, relativamente conhecido no RS e totalmente anônimo no Brasil). Fiquei mais relaxado ao ver aqueles rostos familiares, mas eis que entra um senhor com cara de dor, para, me encara e diz: "Baaahhh....foi difícil! Só não desmaiei lá dentro porque o doutor é bom!"

Glup.

A dentista me chama.
"Tudo bem?", pergunta sorrindo.
"Se estivesse tudo bem mesmo eu não teria vindo aqui", respondo.
"Ah, mas imagina se não tivesse dentistas? Seria bem pior sem né?", diz me conduzindo à cadeira.
"Hmm...não sei.", digo ainda sob o efeito do alerta na sala de espera.

de boca aberta, recebo uma cutucada no dente exposto. É simplesmente a pior dor que já senti na minha vida. Gemo e me contorço na cadeira. Percebendo isso, a dentista cutuca novamente o buraco, dessa vez a dor se espalha pelo corpo inteiro, sendo pior que a primeira. Me contorço mais, reviro os olhos e com algum custo tento pronunciar algo que informe a ela meu estado.

Para meu alívio, ela diz: "Vou dar uma anestesia pra não sentir nada". Só que a anestesia também dói, e muito. Eu digo: "Eu vim aqui pois estava com dor, não pra sentir mais dor". Ao que ela responde:"Ah, mas sem uma dorzinha não tem graça..." Sem esperar a anestesia fazer efeito, ela pega a broca e já começa a triturar meus dentes, aviso que está doendo e ela, quase indiferente, só diz: "Ah, doeu?" e continua o trabalho...
Sabendo que ainda ficaria mais 30 minutos entregue aos caprichos sádicos da mulher, qualquer resquício de tranquilidade se encerra dentro de mim. Quando finalmente saio da cadeira, juro que não volto mais ali.

Bom, só escrevi isso pra aliviar a tensão, pois daqui a pouco saio de casa. Tenho consulta marcada para as 15h...


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