13 de outubro de 2009

O Povo

No fim de semana, tirei a tarde para descansar. Então, calçando chinelas, peguei um bom livro, me sentei na minha cadeira de balanço favorita, acendi meu cachimbo e já antegozava uma tarde de prazeres quando comecei a ouvir o som distorcido vindo da janela: era aniversário de uma rádio popular que resolveu comemorar a data no parque em frente ao meu prédio. A minha tranquilidade já era.


Geralmente tenho boa tolerância a ruídos. Mas nesse dia foi meio chato de aguentar o animador do evento. Abaixo, algumas frases do sujeito, que já começou mal, com muitos
Bate na palma da mão! Bate na palma da mão!
(claro, farei isso assim que destapar meus ouvidos)
Depois:
Daqui a pouquinho tem pagode! Daqui a pouquinho tem pagode!
(não precisa ameaçar desse jeito)
Eu tenho uma camiseta aqui! Quem qué ganhá dá um gritinho! (se eu quiser um dormonid, faço o quê?)

Chão, chão, chão, chão-chão-chão!
(é exatamente onde quero enterrar a minha cabeça)

Ão, ão, ão, o DJ é fanfarrão!
(o senhor está sendo modesto, eu consigo pensar em pelo menos mais uns vinte adjetivos para descrevê-lo)

Valeu, gente, por essa festa maravilhosa!
(mal posso esperar pela próxima)


Teve ainda:
- parabéns pra você em ritmo de funk.
- Uma versão de Every Breath You Take em português.
("quando o sol chegar, vou poder jurar")


E juro que ouvi a palavra picurrucho umas 37 vezes.

Pra resumir, foi um evento em que a apresentação de MC Jean Paul foi o ponto alto.


Não pude deixar de lembrar de Rubem Alves, que falou outro dia que, para ele, o povo já deixou de ser motivo de esperança há muito tempo...




Abaixo, todas as fãs do MC Jean Paul

















Nenhum comentário:

Postar um comentário

Colaboradores