28 de junho de 2009

Há cem anos - 3

Mais um texto sensacional publicado há mais de cem anos no Correio do Povo. Mais uma vez, dedico o post aos opositores da Reforma Ortográfica.Pae que vende a filha – Sobre um caso a que se referiram ha dias, os telegrammas da imprensa, lemos na Platéa, de S. Paulo: “Já não sabemos como classificar certos delictos, relativamente mal punidos pelo codigo vigente. O castigo preceituado para esses crimes repugnantes, que nos sacodem a alma em repellões de revolta e indignação, não corresponde à monstruosidade com que elles se nos apresentam, na simploria narrativa de sua hediondez. O que nos contam, por exemplo de São Carlos do Pinhal, é torpissimo: na estação de Babylonia, na fazenda do sr. Procopio Davidoff, existe o colono italiano Luigi de Tal, cuja familia se compõe de 10 pessoas, entre as quaes uma lindissima menina de 14 annos, de nome Rosina. Pois Luigi, com si negociasse um objeto qualquer, concertou com o satyro Patricio de Tal, um velho de 70 annos, a venda da honra de Rosina, sendo esta pontualmente entregue aos instinctos bestiaes de Patrício, na propria casa de seus paes. O facto veiu a publico simplesmente porque Patricio se negou depois a pagar a Luigi o preço do ignominioso ajuste. Oh! Podridões humanas! Agora a parte cômica deste asqueroso episodio: como começo de pagamento, Patricio deu a Luigi uma nota de 500$000, que o pae monstro verificou depois ser uma nota de mentira, feita para reclamo de anuncio. Os dois patifes estão presos.”

2 comentários:

  1. O problema maior da reforma é justamente, como você disse no primeiro artigo da série, "não mudar quase nada". Não muda nada e causa um rebuliço horrível. Se é para reformar, que reformem direito.

    Abração,

    Pablo
    http://cadeorevisor.wordpress.com

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  2. Pablo, problemas a reforma tem muitos realmente. Alguns são visíveis agora que saiu o VOLP, que entra em flagrante contradição com o texto do Acordo.

    Sempre fui contra a Reforma, até me dar conta que não há nada mais a fazer se não estudar as mudanças e aplicá-las sem rebeldia (sabes que um revisor rebelde seria um desastre).

    O que me incomoda mesmo é a falta de consistência da maioria dos argumentos contrários à Reforma, onde não consigo deixar de ver um conservadorismo descerebrado travestido de rebeldia inconformada.

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