20 de março de 2009

O Horroroso Caso de Benjamin Botox

Outro dia fiquei surpreso comigo mesmo. O que é raro, visto que costumo ser uma pessoa de hábitos bastante previsíveis. Mas é que me dei conta de que, em quase dois anos (?) de Só Mais Um Blog eu jamais escrevi sobre algum filme. A surpresa é porque eu adoro cinema, gosto de ler críticas de filmes (principalmente depois de ter visto o filme), gosto de analisar os cartazes, tenho diretores e atores que gosto e outros que adoro detestar. Quando criança, meu sonho era ser diretor de cinema. Na pré-adolescência deixei isso de lado e passei a escrever sobre filmes: anotava TODOS os filmes a que assistia e dava uma cotação (de 1 a 5 estrelas) para cada um. Depois, o tempo passou e a involução falou mais alto: tornei-me apenas espectador.

E é nessa condição que me darei a liberdade de falar um pouquinho sobre os filmes que ando vendo por aí. Comecemos com este O Curioso Caso de Benjamin Button. A motivação para falar desse filme foi a coluna de Ruth de Aquino, publicada na Época há algumas semanas. Essa mulher simplesmente AMOU o filme. E disse coisas sobre ele...coisas que simplesmente não são verdade, para mim. E eu quero reparar essa injustiça.

Ela já começa dizendo que Benjamin Button é um filme implacável de David Fincher. Não poderia estar mais equivocada. Quando associamos um filme ao nome do diretor é porque ele, o diretor, tem um estilo próprio, reconhecível, características suas, como Woody Allen, Almodóvar ou Steven Spielberg. Com essa frase, ela já mostra que não conhece a obra de Fincher, pois Benjamin Button é o filme mais atípico de David Fincher. Depois do estiloso Seven (copiado até enjoar), do excelente Clube da Luta, ele ainda fez os interessantes Vidas em Jogo e O Quarto do Pânico. E eis que de repente aparece com esse insosso Benjamin Button. Por quê? Ora, porque ele pensou que já era hora de ele ganhar um Oscar. Assim, fez um filme com todos os ingredientes: atores talentosos e respeitados + adaptação de um clássico da literatura + excelência técnica + uma história que mostra que “o amor supera tudo, até mesmo o tempo”. Só que ele não se deu conta de que essa fórmula básica já estava um pouco ultrapassada e não é mais garantia de sucesso. Vejo raríssimos traços de David Fincher no filme.

Ruth de Aquino fala do casal de atores. Brad Pitt, segundo ela, está numa “atuação impecável”. Pelamordedeuz! Acho que talvez seja a pior atuação da história de Brad Pitt. E não digo isso por preconceito com atores-bonitões. Na verdade considero Pitt o ator-bonitão mais talentoso e versátil que há por aí (ao contrário do cada vez mais canastrão Tom Cruise). O problema é que ele simplesmente fica com cara de bunda o tempo todo no filme, quando interpreta uma criança, um adolescente, um velho, sempre a mesma cara de bunda. Se era pra fazer cara de bunda, por que não chamaram logo Tom Hanks, o maior especialista nesse tipo de papel? Depois Aquino fala de Cate Blanchet, “mais bela que jamais”. Puxa, bela é um adjetivo muito forte para uma mulher que não é bonita nem feia, não fede e nem cheira, e não acrescenta nada a qualquer obra de que participe além de uma irresistível sonolência.

Ruthinha ficou encantada mesmo foi com as inúmeras lições de vida com as quais o filme nos presenteia: “Somos predestinados a perder as pessoas que amamos. De que outra maneira saberíamos que são importantes para nós?” “Nossas vidas são definidas pelas oportunidades, mesmo aquelas que perdemos.” Esta frase fantástica levou Ruth de Aquino às lágrimas: “Nunca se sabe o que nos espera”. Uau! Se abrirmos ao acaso um livro do Lair Ribeiro ou do Roberto Shiniashiki certamente leremos coisas mais profundas e inteligentes. Ruth, num insight magnífico, conclui: Tudo é passageiro e do fim não se escapa.

Li a crítica dela somente depois de ter visto o filme. É uma pena, pois se tivesse lido antes teria notado a tempo que Benjamin Button é o tipo de filme que cativa as pessoas bregas e sentimentaloides. O Curioso Caso é insuportavelmente chato e longo. Se ainda quiser ir ver, leve um travesseiro.

























Prepare-se: Brad Pitt vai ficar assim quando ficar velho.

9 comentários:

  1. Ainda nem vi, mas adoro as críticas negativas ao filme. Até porque as positivas não apresentam nem um argumento. É algo como "é lindo, e pronto". Bom, se fosse pela beleza, "Night of the Living Dead" não seria um dos melhores filmes já feito.

    A outra crítica que li é mais sucinta e menos argumentativa, mas acho que tu ia gostar:

    "forrest gump + ponce de léon = horas perdidas da minha vida que não vou recuperar."

    (do blog "uma dama não comenta")

    Abraço!

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  2. Apesar de nao concordar em tudo (como eh o normal), gosto da critica do Pablo Villaca (para quem quiser ver:
    http://www.cinemaemcena.com.br/Ficha_filme.aspx?id_critica=7398&id_filme=151&aba=critica )

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  3. Para fazer esse gênero intelectualóide do teu blog, tem que detestar mesmo o filme.

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  4. Ui, Fonceqa, não faz assim. Ah, e "intelectualoide" não tem mais acento, viu?
    Na verdade eu não detestei tanto assim o filme. Eu detestei foi a crítica da Ruth de Aquino.

    Ah, anônimo(a), gostei da crítica do Pablo Villaça. Soube falar com propriedade sobre vários pontos que também me chamaram a atenção mas não tive saco nem competência para escrever.

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  5. primeiro, vai tomar no [piiii]. Concordo com algumas coisas, como o fato de a atuação de Pitt não ter sido o principal. Na verdade, foram os efeitos de um bom editor que deixaram ele impecável em cada fase da vida de Buttun e não a atuação. Mas eu gostei do filme e não sou brega nem sentimentalóide =P O filme é bonito, oras, há que se dizer. Uma história diferente e, of course, podemos aprender coisas muito mais profundas, mas isso não exclui filosofias baratas. Um simples velhote de 90 anos pode, ao conversar com você, lhe dar boas coisas em que pensar. Então não importa a fonte, importe que lhe sucite reflexões... Acho que você não gostou é das 3h de filme, preguiçoso heheheh

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  6. Acho que fui mal compreendido. Niguém precisa se sentir ofendido com meu comentário. Veja bem: eu disse que "Benjamin Button cativa os bregas e sentimentaloides". Mantenho essa afirmação. Mas disso não decorre que quem gostar do filme é, necessariamente, brega ou sentimentaloide. Ou seja: sentimentaloides e bregas VÃO GOSTAR do filme COM CERTEZA; já outros podem gostar sem serem bregas sentimentaloides. É isso.

    Ah, e realmente não gostei das três horas de filme! Poderia ser metade, se o roteiro tivesse deixado a parte Forrest Gump de lado.

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  7. As 'lições de vida' me lembraram trechos de um clássico da literatura (ruim), o fabuloso Esquinas da vida:

    'O destino é como uma esquina, que, em razão de um determinado acontecimento, nos faz dobrar à direita ou à esquerda, seguir em frente ou até mesmo voltar.'

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  8. eu acho essa critica um absurdo de quem POUCO entende de cinema e quer ser O DIRETOR, vai estudar meu filho.

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  9. Fico bastante animado com os comentários esdrúxulos, mas logo me dou conta de que só pode ser algum amigo meu me sacaneando. (ainda mais quando o comentário é anônimo)

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