5 de novembro de 2008

Alopecia Androgenética

Semana passada, tive um dia daqueles. Sabe quando tudo que pode dar errado dá errado? Pois é. Tinha brigado com a namorada, sem perspectivas profissionais ou acadêmicas, e ainda tinha pisado num cocô mole de cachorro. Deprê mesmo. Estava voltando pra casa. Me sentei num banco da praça e me entreguei aos meus pensamentos obscuros de auto-eliminação existencial.

Eis que, de repente, sou interrompido por um mendigo. À minha frente, ele diz alguma coisa que não escuto direito. Ele continua falando, falando, e custo a entender. Finalmente, tiro os fones de ouvido. Ele pede uns trocados, uma ajudinha pro café. Para me livrar logo daquela inconveniente criatura, levo a mão ao bolso, pego todas as minhas moedas e entrego a ele. Para meu desapontamento, ele não se retira, fica ali, me agradecendo efusivamente pelas moedas (provavelmente ganhou bem mais do que esperava). Depois de vários “deus lhe pague”, “obrigado” e “obrigado mesmo” ele continua ali, agora em silêncio me olhando, eu sentado, ele de pé.

Ele diz: “Sabe que esse problema tem solução, né?” Surpreso, não faço idéia do que ele esteja falando. Ele insiste: “Pois é, tem saída”. Logo penso que devo estar com uma expressão tão baixo-astral que ele deve ter notado meu estado depressivo e pode estar tentando me consolar. Talvez seja religioso e vá começar a falar de deuz, tudo o que não quero no momento. Não respondo, apenas balanço a cabeça afirmativamente. “Hoje em dia isso aí tem remédio”, diz ele ainda dando mais mistério ao seu jogo enigmático. Ele simplesmente não percebe minha confusão mental e continua falando como se fosse algo óbvio para mim e para ele. Parece que quer me prestar algum favor, em retribuição às moedas que lhe dei. Quando já estou perdendo a paciência, farto das palavras do visitante inoportuno, o mendigo mostra qual era seu favor: “Sabe que tem remédio pra calvície que funciona mesmo, teu problema tem solução sim.”

E o pior é que ele tinha mais cabelo que eu.

Moral da história: não importa o quão ruim as coisas estejam, eles sempre podem piorar.

Aproveito a oportunidade pra mandar um abraço pra família e um beijo no coração dos leitores de Goiânia, Apucarana, Linhares, Londres, Macapá e Dourados. Para os de São Paulo, Porto Alegre e Rio de Janeiro e Belo Horizonte vou ficar devendo.

6 comentários:

  1. Pois e, a questao de quem e mais miseravel nao tem a ver com a quantidade de moedas (talvez com a quantidade de parentes...).
    Da mesma forma, a calvicie nao tem a ver com a quantidade de cabelos, mas na sua disposicao.
    A calvicie e uma coisa da tua cabeca!

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  2. tambem concordo que essa história de calvicie é coisa da sua cabeça =p pra mim teu cabelo é mais do que normal...
    besitoss

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  3. Claro, nada que o Interlace não resolva.

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  4. Hum... consegui fazer mudar alguma coisa no blog. Mas: como descobriu que sou de Dourados?

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  5. Dourados?!
    Jurei que fosse de Macapá...

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  6. comentarios: 1 e 4

    Anonimo Mais Importante (diretamente de Dourados)

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