22 de abril de 2007

Texto Justificador de Obras de Arte

Muitas vezes sou convidado a comparecer a mostras de arte, salas brancas cheias de quadros, museus, e até mesmo bares com coisas estranhas recém penduradas nas paredes. Ainda não entendo o porquê disso, já que nada tenho a contribuir em tais eventos. Pouco ou nada entendo disso que chamam de Arte.



Não sei a diferença entre um Picasso e o último outdoor da Coca-Cola, e confesso que mal saberia diferenciar um Kandinsky ou um Miró se estivessem escondidos entre os desenhos do meu primo de 5 anos. E Basquiat então, nem se fala:

A primeira vez que vi O grito, de Edward Munch, pensei que poderia ser um cartaz do filme Pânico. Não pagaria 10 reais pelos Girassóis de Van Gogh, muito menos 50 milhões de dólares. O mictório invertido, de Marcel Duchamp, para mim é apenas um urinol mal instalado. Dada essa dificuldade em entender a Arte, me muni de argumentos infalíveis, para agradar meus anfitriões, e, principalmente, para não passar vergonha diante de telas, esculturas e instalações.



Assim, para não fazer feio em vernissages, exposições, mostras e bienais da vida, recomendo que se ande sempre no bolso com o seguinte Texto Justificador de Obras de Arte*:

A obra em questão apresenta uma conjuminação de elementos antagônicos, se traduzindo em uma tensão permanente. São elementos inarticulados ocultos em detalhes de aparente insignificância, que, no entanto, são passíveis de percepção pelo inconsciente.
Resume-se claramente numa atividade criativa que não se conduz nos limites dos padrões dominantes, o que é justificado pela incapacidade do conformismo e pela recusa de normas e padrões, legitimando, desse modo, uma expressão crítica e autêntica.







*Obs: Recomenda-se que o texto seja recitado pausadamente e, para melhor efeito, que se coloque a mão direita sobre o queixo, se possível levantando uma sobrancelha só.

6 comentários:

  1. hmmm interessante.. com a proximidade da bienal já memorizei o texto... agora estou testanto as pausas... várias.. em lugares diferentes... vendo as possibilidades de intonação...

    muito obrigada por facilitar minha vida durante este período tão inquietante que é a bienal...

    saber o que dizer é uma benção!

    :) beijuuuu!

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  2. Agora confirmo que você é uma farsa Djegowviskler (que nome é esse?) porque o texto que você diz ser seu é meu! Provavelmente você o furtou de minha mansão quando foi lá me pedir para passear com a minha cadela, que ainda não era maior de idade, e, lamentavelmente, cedi o Chuck Norris (meu poodle rosa), que depois do passeio necessitou de cadeiras de rodas para cachorro. Você é um criminoso. E não adianta se esconder atrás de entrevistas inteligentes, o Bush já sabe o seu paradeiro! Ahhahaha, eu é quem disse. Mas voltando ao texto vc esqueceu da melhor parte, que por amor à arte, vou complementar:
    “a intenção do artista emerge de um mundo sem sonhos, onde nada mais pode ser captado que não seja a inexorável existência do ser pós-humano, vazio em sua completude. Mas, na outra obra é possível perceber a reviravolta assombrosa do Eu, numa esquizofrenia vital, inspira e expira, dando vida ao que já havia morrido: a vida em cores!”
    Não assinarei essa mensagem com o meu pseudônimo, para não manchar a minha reputação, assinarei com o nome de mamãe e papai: Vicente Mariano Albuquerque, brasileiro, homossexual, maior, corretor de imóveis, registrado na OAB/RS sob o nº 22051970, residente e domiciliado na Vila Conceição, na maior casa do topo do maior morro, do melhor bairro e da cidade mais que maravilhosa (me desculpem os cariocas). Beijos aos meus fãs.

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  3. Meudeuz, com esse bando de depravados, vou pedir para a Vigilância Pedrozo aumentar a segurança lá de casa...

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  4. tudo que eu precisava para visitar exposições, agora sim me sinto preparada

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  5. Finalmente posso aceitar os convites às vernissages! Obrigada.
    Já pensou em publicar um mini-livro inteiramente sobre o assunto? Me ajudaria horrores!

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